Y es que hay más ejemplos. Italia también ha sido un país muy beneficiado, pues se estima que han conseguido ‘repatriar’ a 121 empresas en 2015 (tras las 326 de EEUU, y por delante de las 68 de Reino Unido o 63 de Alemania). Incluso en España se han vuelto a ver noticias sobre la vuelta de la industria del juguete o del ‘Made in Spain’. Algo impensable hace tan solo una década. Desgraciadamente, aunque estamos ante una tendencia muy relevante, parece que será insuficiente para paliar nuestros problemas. En concreto, analizando los últimos datos, se observa que la relocalización va a más pero no consigue generar el suficiente empleo.
Adidas ha abierto recientemente una fábrica en Alemania. Tras años traspasando su producción de Europa a Asia, la multinacional germana ha decidido dar un vuelco a su estrategia y ha optado por aplicar el ‘reshoring’. Con ello conseguirán reducir sus costes laborales y situarse mucho más cerca de su consumidor, aunque desgraciadamente eso no tendrá el efecto positivo que mucha gente esperaba: casi no generará empleo, pues sus trabajadores serán principalmente máquinas. Si tenemos en cuenta los beneficios colaterales estamos ante una buena noticia para Alemania (proveedores, inversión, impuestos…), no obstante en lo que al empleo se refiere el efecto será muy limitado.
In “Reshoring: el regreso al primer mundo de la industria ¿solución al desempleo?“
Most people want to work, and are miserable when they cannot. The ills of unemployment go well beyond the loss of income; people who lose their job are more likely to suffer from mental and physical ailments. “There is a loss of status, a general malaise and demoralization, which appears somatically or psychologically or both,” says Ralph Catalano, a public-health professor at UC Berkeley. Research has shown that it is harder to recover from a long bout of joblessness than from losing a loved one or suffering a life-altering injury. The very things that help many people recover from other emotional traumas—a routine, an absorbing distraction, a daily purpose—are not readily available to the unemployed.
In “A World Without Work”
É o exemplo de um país que está a andar a duas velocidades e que está a deixar muitos para trás. É indiscutível que a economia está a melhorar, que a Europa está a puxar por nós, que o desemprego está a baixar, que o turismo está em níveis recorde e que as exportações estão em alta. Mas há uma parte dos portugueses que, com a crise e com o ajustamento da economia, caiu naquela categoria a que os economistas chamam desemprego estrutural (e estima-se superior a 10%). São os tais cujas habilitações já não são valorizadas e procuradas pela empresas e que dificilmente conseguirão regressar ao mercado de trabalho a não ser para empregos altamente precários e mal remunerados. Não é por acaso que o Banco de Portugal considera que este é um dos problemas mais graves da economia portuguesa e que terá de ser encarado de frente com políticas agressivas de requalificação e de ajuda àqueles cuja retoma da economia e os indicadores de confiança pouco ou nada querem dizer.
No que diz respeito ao emprego/desemprego, aquilo que é necessário discutir – e é isso que a oposição não tem feito – são os traços estruturais do mercado do trabalho. Hoje, já só tenho tempo para enumerar os mais importantes:
1) os quatro países do Sul da Europa intervencionados pela «troika» têm das taxas de assalariamento mais baixas da UE e uma taxa histórica elevada de desemprego;
2) de todos estes, acontece que Portugal é, comparativamente, o melhor dos quatro: não só tem um desemprego histórico menor como tinha uma percentagem mais alta de assalariamento, graças sobretudo aos assalariados agrícolas alentejanos mas que estão em vias de desaparecimento;
3) em contrapartida, é provável (não conheço estudos conclusivos) que a emigração, a baixa da fecundidade e o crescente envelhecimento demográfico do país façam parte da actual equação jovens-trabalhadores-pensionistas;
4) os mercados do trabalho nos PIGS (sem Irlanda) são porventura os mais segmentados da UE, portanto, os menos amigos do emprego, e razão tem Mário Centeno ao falar da flexibilização entre os dois mercados de trabalho segmentados, nomeadamente o público e o privado, mas de certeza que o PCP não deixa e o PS só poderá anuir;
5) para mim, talvez por deformação profissional, a «causa de todas as causas» está no baixíssimo nível educacional do país (os progressos quantitativos das últimas décadas têm tido custos qualitativos tais que a distância entre Portugal e a UE aumenta e não diminui;
6) finalmente, como nos PIGS, é devastadora em Portugal a desadequação entre o ensino pós-básico e o mercado de trabalho, como o mesmo estudo demonstra!
In “Há, mas são verdes!”
A maioria não recebe subsídio de desemprego. Em maio de 2015, 58% dos desempregados registados não tinha direito a esta prestação. E não foi sempre assim: no início da década de 2000, mais de 80% dos desempregados recebia subsídio de desemprego. Além disso, é preciso recuar duas décadas, até 1996, para termos valores médios de subsídio de desemprego tão baixos. Mesmo comparado com 2012, o valor mensal do subsídio caiu em média 50 euros por pessoa. O corte de 10% aplicado pelo Governo ao fim dos seis meses é revelador do modo punitivo como se olha quem descontou e perdeu o emprego.
Um dos tipos de desemprego que temos vindo a assistir devido à atual situação de crise e que tem atingido a maior parte dos países da Europa, é o designado desemprego cíclico, que ocorre no curto prazo quando a economia está a produzir abaixo do nível de pleno emprego. Este deve-se às condições de funcionamento da economia, ou seja, acompanha o ciclo económico, sendo que aumenta em períodos de recessão e diminui em períodos de expansão. Assim, um abrandamento temporário do crescimento económico tem como consequência uma redução da produção, que por sua vez leva ao aumento do desemprego.
Por seu turno, o desemprego estrutural é considerado um dos tipos de desemprego mais importante, que tende a permanecer no longo-prazo, ou seja, existe mesmo quando a economia se encontra em equilíbrio. Este pode resultar da inadequação entre as exigências do mercado de trabalho e as aptidões dos trabalhadores, nomeadamente a nível geográfico ou no âmbito das tecnologias.
Por último, o desemprego friccional, que também está bastante presente na economia, está relacionado com a rotação do trabalho, ou seja, a qualquer momento surgem novas oportunidades de trabalho e outras que acabam, o que faz com que haja um fluxo de entradas e saídas de trabalhadores no mercado de trabalho. Assim, o tempo que o indivíduo demora a procurar esses novos postos de trabalho e a respetiva transição de emprego, faz com que haja sempre trabalhadores no desemprego. Pode dizer-se que este tipo de desemprego decorre do desajustamento no sistema de informação entre os candidatos e as vagas de emprego.
In “O Desemprego Jovem em Portugal”, 2014
O aumento do desemprego não é apenas cíclico. A subida do desemprego estrutural reflete formas de destruição irreversível de capacidades de produção. O desemprego em Portugal configura uma mistura complexa quer de desemprego conjuntural e estrutural, quer de desemprego clássico (défice de rendibilidade) e keynesiano (défice de procura). Este é o principal desafio na futura absorção do elevado nível de desemprego atual.
In “Três décadas de Portugal europeu: balanço e perspetivas”, Julho 2015
11O que significa que os 123 mil empregos criados são menos de um terço dos destruídos no período anterior. Um saldo negativo de 298 mil.
Se quisermos ser ainda mais rigorosos com a data de início do mandato do actual do Governo, pode ser utilizado como ponto de partida o segundo trimestre de 2011, o último em que Passos Coelho não governou. Nesse caso, a destruição de emprego é ainda maior: menos 445 mil empregos nos dois anos seguintes.
José Sócrates – chamado ao debate pelo actual primeiro-ministro – também não tem um registo positivo no capítulo do emprego, com o desaparecimento de 230 mil postos de trabalho durante os seis anos em que governou o País(entre o primeiro trimestre de 2005 e o segundo trimestre de 2011, período em que houve duas quebras de séries do INE). Ainda assim, números menos negativos do que os do actual Governo (298 mil empregos).
In “Passos criou “130 mil empregos”? Sim, mas antes destruiu 420 mil”
Solteiro e a viver com os pais, também eles em situação de desemprego, Carlos é o exemplo de uma nação suspensa na esperança de uma vida onde figuram casa, família, conforto, estabilidade e um emprego com perspetivas. Como muitos da sua geração, ele representa a face de um Portugal novamente adiado e esquecido das promessas daquele 25 de abril de 1974.
Um país do “faz de conta”, onde seis em cada dez postos de trabalho criados são estágios.