Oferecer um estágio de seis meses a alguém com mais de 30 anos é tapar o sol com a peneira
Os estágios não têm sido uma medida de estímulo à economia e à progressão da carreira, mas sim um tampão que serve para diminuir os números reais do desemprego através da contratação temporária e repetida, facilitando o acesso a trabalho barato e precário. Sai um, entra outro. É triste constatar que muitas empresas procuram estagiários não por falta de recursos ou funções temporárias, mas por ser mais barato do que celebrar um contrato com ou sem termo no qual não contam com o apoio financeiro do Estado.
A diferença deste novo programa é que permite o acesso a pessoas com mais de 30 anos que nunca tenham feito um estágio IEFP e que não tenham obtido uma nova qualificação nos últimos 3 anos. Trinta tenho eu e todos os que conheço da minha geração já fizeram um ou dois estágios profissionais. Normalmente um depois da licenciatura e outro depois do mestrado. A maioria não foi contratada em nenhum deles. Mais de metade dos anúncios de emprego exigem actualmente que o candidato seja elegível para estágio profissional e que tenha um a dois anos de experiência. A situação é sempre uma de duas: ou tivemos antes um contrato e somos agora obrigados a aceitar um estágio, ou somos excluídos por já termos feito um. Oferecer um estágio de seis meses a alguém com mais de 30 anos não é uma solução real. É tapar o sol com a peneira.