O modelo de negócio da Randstad, Adecco, Manpower, Kelly Services, entre outras, consiste em receber uma fatia em média de 40 a 60% do salário dos trabalhadores. O que fazem para receber esse dinheiro não é muito perceptível, mas em média passados quatro meses acaba esse trabalho. E quem trabalhou recebe 60 a 40% do salário que o patrão final pagou. É um modelo de negócio super empreendedor e inova a maneira como os salários não vão para os trabalhadores. Disse trabalhadores? Queria dizer colaboradores. Claro que há quem diga que o trabalho temporário é um Triângulo das Bermudas em que o conluio entre patrão final e ETT faz desaparecer os salários e os direitos laborais de quem de facto faz as coisas funcionarem, mas esses são os mesmos que acham estranho as pessoas desempregadas terem que trabalhar para manter o subsídio de desemprego.
E estamos, sublinhe-se, perante um novo padrão na relação entre o desemprego e a formação profissional. Com efeito, se somarmos aos desempregados do INE os «desempregados ocupados» do IEFP e compararmos os valores obtidos com o número de desempregados do INE (excluindo portanto a formação profissional e a integração em programas de emprego), apenas a partir do primeiro trismestre de 2012 se começa a formar um hiato relevante (e crescente) entre as duas séries de valores (como mostra o gráfico seguinte). Um hiato que, como referido, atingiu o valor de 171 mil desempregados, registado no final do segundo trimestre de 2014.